Quero ser como tu! (texto)

" São cinco os sentidos: a vista, o ouvido ( não ouvem a música das folhas ao vnto no laranjal?)
E o olfacto, o paladar e o tacto. Tudo num fruto.
E a menina ri. Senta-se de novo debaixo de uma laranjeira.
Tem ainda uma grinalda de flores brancas nos cabelos negros.
E o livro está fechado sobre o avental de flores. O livro de poemas"
Quando a menina pegava no livro, que era o único e começava a ler, lembrava-se daqueles que tinham morrido, como o que tinha acontecido à sua mãe, que tinha sido atropelada. Agora só lhe restava o seu pobre pai.
O pai era muito pobre, e matava-se a trabalhar para sustentar a sua filha. Enquanto isso, ela sentava-se todos os dias debaixo de um laranjal e começava a ler. Ela gostava muito de ler, principalmente os de poesias. Também adorava escrever, por isso tirava sempre boas notas a Língua Portuguesa.
Um dia a menina recebeu uma má noticia, o seu pai tinha sido despedido. Ela ficou em choque, mas para o seu pai não se ir a baixo, disse que a ia ajudar a encontar um novo emprego e para não desanimar.
No dia seguinte, enquanto o seu pai foi procurar um emprego, a menina foi para o sótão brincar com as bonecas. Durante a brincadeira, encontrou um grande baú. Cheia de medo de ver o que podia ser, pegou num pau, e com muito geitinho, abriu.
Cuscuvelhava tudo, mas ao pensar um bocado, viu uma fotografia onde o seu pai estava a dar aulas.
Mas o que seria quilo? Ela não sabia responder a si própria.
De repente, o seu pai chegou.
Sem grandes demoras chegou ao pé do pai e perguntou, se alguma vez tinha sido professor.
O pai, disse que nunca tinha sido, mas como ele não sabia mentir ela tinha " topado" logo.
Então confessou:
- Pronto eu confesso, eu fui professor.
E então a menina perguntou:
- Então porque já não és?
- Porque a tua mãe não queria, ela dizia que queria ter uma profissão melhor do que eu! - respondeu o pai.
- Ah! Mas infelizmente como a mãe morreu, tu podes ir dar aulas! E já agora és professor de quê?
- Sou professor de Língua Portuguesa. - respondeu o pai.
- Que fize!!! E que tal ires dar aulas para a minha escola?
- Não sei... Não sei... - disse o pai.
- Sim, sim, sim! - exclamou a filha.
- Está bem.
De seguida foram dormir.
No dia seguinte, foram juntos para a escola, e com muita alegria a filha disse:
- Oh pai, sabes o que eu quero ser quando for grande?
- Não filha.
- Quero ser como tu!
E com muita emoção, o pai deitou uma lágrima.

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